quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Be Happy

Ele tinha acabado de erguer-se de sua cama quando olhou pro relógio apoiado na parede a sua frente; e ao ver que estava alguns minutos atrasado, vestiu-se com a velocidade da luz. Tinha dormido tão pouco quanto um ser poderia aguentar e em sua barriga roncava uma pontada de fome. Vestiu o casaco, sacou as chaves do bolso, colocou nos ouvidos seus novos fones e saiu pra rua. O vento gelado açoitou-lhe o rosto abatido pela noite mal dormida e ele sorriu. Era uma sensação boa, afinal. Pensou em como seria o seu dia e logo fez uma careta que o traduzia com perfeição: um saco. E então atravessou a rua. E então a musica que ouvia foi substituída por outra. E então, como fez antes ao sentir o vento frio em seu rosto, ele sorriu desmedidamente. E então ele soube que o dia não seria a mesma chateação de sempre. Não por que algo mudaria ou porque encontraria na próxima esquina a sua mais nova razão de viver. Seu dia não seria o mesmo porque ele decidiria assim ser. Porque antes que algo pudesse interferir, ele bateria os pés e diria não. Estava cansado da mesmice que era obrigado a conviver, estava cansado de fazer tudo da como todos queriam que ele fizesse. Naquele dia, ele simplesmente não se importou.

Seguiu então com passadas firmes e seguras: cheias de si. Nos ouvidos, as músicas passavam cada vez mais animadas e o seu sorriso deixara então de ser um segredo. Atraiu alguns poucos olhares; estava especialmente bonito naquele dia, e como se isso não bastasse, emanava de si uma certa luz, um certo calor. E quanto mais andava, mais ele ria. E era de uma tamanha naturalidade, que era impossível não sorrir junto. Se atreveu até a vacilar em alguns tímidos passos de dança de acordo com o que ouvia. E assim seguiu até seu destino que, em sua cabeça, ainda demoraria um pouco para chegar. Em sua cabeça. E se outrora chamara atenção pelo sorriso que exibia, milhares de cabeças viraram-se pra ver a sua cara de horror quando não notou a aproximação do carro que ultrapassara o sinal vermelho e colidira com ele com uma força inimaginável que arrancou suspiros e prendeu a respiração de todos os que ali estavam. Inclusive a sua. Principalmente a sua. Sempre prendia a respiração no início daquela música. Era a sua preferida. E num último movimento, ele sorriu - foi então feliz.

texto dedicado ao .Eduardo Poulain, 
que me fez perceber quem eu devo ser no fim das contas

Feliz Aniversário ;*

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Let me try again

Já não consigo mais. Não sozinho. Logo eu, que por tanto tempo resisti, que me convenci que não precisaria de ajuda, que conseguiria assim, desse jeito, sozinho. Agora vejo que não é bem assim que funciona, e por não ter o costume te ter a tal ajuda, estou jogado à boa vontade do destino. Eu só espero que ele seja bom comigo e que nas suas intenções estejam incluídos os meus desejos e que no final de tudo eu possa, de fato, olhar pra trás e dar uma risada de satisfação - e de alívio, claro. Preciso encontrar um jeito de desfazer o que levei a vida inteira moldando. Preciso mudar algumas atitudes e rever alguns conceitos. Preciso me arriscar mais e de forma responsável - mais ou menos aquela coisa do medo de tentar. Preciso me abrir mais, me entregar mais às pessoas, e quem sabe dessa forma elas façam o mesmo comigo e eu possa ajudá-las. E eu possa ser ajudado. É difícil descobrir que preciso de ajuda e não fazer a menor idéia de como posso conseguí-la. Isso porque eu vivo agora um mundo novo. Um mundo no qual cada passo pode me levar direto pro fundo de um abismo; abismos são escuros e eu gosto demais do frio pra gostar também do escuro. Queria poder gritar à plenos pulmões que no no fundo do meu abismo tem uma mola, mas é um mundo novo, afinal; nem mesmo do meu próprio abismo eu sei o conteúdo.

Mas eu espero que as coisas mudem. Se estou pronto pra esse novo que eu tanto desejo, eu já não sei, mas me cansei do novo que vivo agora. Preciso de um novo mais novo. Sempre fui assim, porque mudaria agora? Não seria má idéia um novo lugar onde ninguém me conhecesse. Onde eu poderia construir um novo eu, um novo Thomas. Um outro novo Thomas, porque o que eu construi esse ano, apesar de bem arquitetado, está cheio de problemas que foram sendo deixados e sendo levados. Pois que eu mude. E que dessa vez eu consiga mudar praquilo que eu desejo ser, de fato. Praquilo que eu preciso ser. Acredito que assim tudo ficará melhor. Meu mundo ficará melhor. E definitivamente eu ficarei melhor. Mas pra isso, preciso descansar. Preciso do abraço dos meus amigos, do conforto da minha família e quem sabe do dedicação de novos amores. Que venham, pois, as férias.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Devidademente duvidosa.

Sabe o que? Não tenho mais certeza. De nada. Nem mesmo de ninguém. Eu vivo e até mesmo sorrio. Desesperadamente. Numa tentativa frustrada de poder afirmar alguma coisa. Eu amo, odeio, não quero mais... Não preciso mais. Mas ai eu penso em nós. Aliás, no nosso ex-nós. E me perco. Sempre me perco procurando o que nos destruiu, o que nos guiou por futuros diferentes. Pessoas diferentes. E amor, não dói mais. Não se culpe. Não sofro. Não choro. Nem ao menos penso. Passou. Ainda me perco. Ainda procuro. Mas só. Só o suficiente. Só o que não me machuca. O que não vai matar o que me sobrou de bom. Curado. E eu continuo sorrindo. Lembrando. Agarrando ao que me faz vibrar. Gritar. Continuo amando. Querendo encontrar o que me ama. O que me faz querer amar. Cuidar. E eu preciso, amor. Preciso desse nosso passado. De tudo aquilo que nos envolveu. Que nos fez parar e gritar ao mundo: Não podemos mais. Não queremos mais. Precisamos continuar amando. Agora, outras pessoas. Pessoas que não nos fazem somente felizes, mas pessoas que nos fazem mal e que vivem se arrependendo. Se desculpando. Somente por amor. Por tudo aquilo que nos fez dizer aquelas três palavras proibidas. Dolorosas.

sábado, 4 de dezembro de 2010

The last paper I'm wasting on you

Então porque você não me deixa te amar de vez? Não aguento mais esse teu olhar choroso, pedinte de carinho enquanto eu, aqui, transbordo amor pra dar. E todo esse amor não é pra mais ninguém senão a ti. Mas e daí? Quem se importa, não é mesmo? Sou só mais um alguém procurando a tão sonhada reciprocidade. E você, com a voz da decisão, fica aí se escondendo sabe-se lá do quê enquanto todos sabem o que você quer. Enquanto nós dois sabemos o que você quer. Afinal, você tem certeza do que quer?

Eu só queria poder dizer com a mesma liberdade e naturalidade com que se dá oi, eu te amo. Agora responda-me, estou pedindo tanto assim? É tão duro assim dar o braço a torcer e aceitar? Afinal, é isso o que você também quer, não é? Não é?! Porque não poupa as minhas lágrimas e me abraça de vez? Porque não poupa minhas feridas e me beija como nunca mais fará na vida? Porque simplesmente não me ama?

Quer saber? Não importa. Ou melhor, não se importe você. Sou apenas eu. E eu não sinto nada muito mais forte do que amor. Simples, puro, cadente e magnífico amor. Mas ainda bem que ele rima com dor; me fará escrever  mais e melhor  da próxima vez.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Último Romântico

Ei, escuta
Já é hora, ouve
Ouve o silêncio
É agora.

Os lábios ainda estavam selados. Não havia um pingo de movimento na cena. Fixos. Até o tempo receava em se mover. Ambos era pura tensão. Um nervoso frio e rápido lhe subiu pela espinha e uma tentativa frustrada de fala foi abafada. A sua frente, um olhar de espectativa se criara. Só esperava as palavras. Mal sabia, porém, que aquele não era momento para palavras

Traduza meu olhar
Ele fala por mim, vamos, traduza
Veja o que eu tento lhe dizer
O que há tanto tempo eu tento lhe dizer

Era como se seus olhos gritassem exasperados. Aja, aja, aja! Estou aqui, por fim, aja! Contudo, nada acontecia. Ou melhor, muita coisa acontecia: as duas cabeças fervilhavam. Idéias, dúvidas, vontades, receios, planos. Estavam tão perto. Bastava um meio passo. O meio passo que os separava. Um meio penhasco os separava. Então, os olhares que fixos se cruzavam desde o início, se desviaram. E dessa forma, o outro lado do penhasco deu as costas. Então não havia mais penhasco. Eu te amo! Ditas em alto e bom som, as palavras causaram certo arrepio. E então não havia mais selo nos lábios.

Ouviu o silêncio?
Eu avisei, eu avisei. Agora ele já passou
Agora vê. Vamos, veja
É assim que começam as histórias de amor

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Última canção de amor.



 Eu estava disposta em seguir em frente e não me apegar tanto ao passado. Você me fez pensar em um futuro, não tão distante e a gostar disso. Eu me tornei – relativamente – mais disposta a viver e aceitar o mundo como ele sempre foi. Ferindo-me, me divertindo e até lembrando momentos ruins com um sorriso nos lábios. Eu te amava e tudo ficaria bem. Assim como você repetia todo tempo. Pequenas bobagens, não é?

 Quando você se foi para outro país, para o mais longe possível, dizendo querer me salvar, não te culpei, não quis te guardar em mim. Pois eu escolhi seguir em frente. Sem você. Mas aquilo que senti e que sinto nunca me deixou e eu vivi com todo esse sentimento, de amor e de perda, dentro de mim. E o que mais machuca amor, é que agora você se foi pra algum lugar onde não posso te trazer de volta. Não posso mais me agarrar à esperança ou nesse amor que ainda ouso sentir.

 Não vou mais te sentir de longe, não vou mais seguir sem você. Você não vai mais continuar. Nem sozinho nem mesmo comigo. Peguei o que existia de nós e guardei, como um pedacinho de papel dentro de um caixa enorme. Sozinho. Lá dentro do meu coração. Antes despedaçado, agora destruído. Sem concerto algum. E ainda não te culpo por ter me deixado antes, nem por ter deixado agora, levado pela morte, pois eu sei que morreria de amor. Sei que você não poderia me salvar, quando eu não queria ser salva. Só me resta aceitar os fatos. Eu não tenho mais você.

Para o projeto Bloìnquês.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Goodbye, my hopeless dream.

R.
 Há muitos dias eu tive essa vontade meio absurda de lhe escrever. Não tenho mais tempo para me perder em pensamentos, ou mesmo para lhe dedicar algumas de minhas lágrimas e silêncio. Por isso lhe escrevo. Numa tentativa meio perdida de me mostrar totalmente e te sentir um pouquinho mais perto de meus braços. Abraços. Pois não quero ir atrás de você, não quero lhe ver ou sentir o seu cheiro. Não agora. Não nunca.
 Eu sinto que lhe entreguei o meu pedaço bom e agora você se perdeu com ele. E eu olho pra minhas mãos e as sinto quentes, como se você as carregasse consigo. Entre seus dedos. Elas queimam e meu coração arde. Arde não de dor, mas de saudade. Saudade que sinto e que não reclamo por sentir, pois é apenas mais uma das partes que eu tenho de você. As que estão comigo e as que lhe dei. Assim, como se eu não pudesse ficar vazia ou mesmo sozinha. Sem mim, na maioria do tempo.
 Então vai ser assim, kiindumus*. Você ai e eu aqui, bem longe de você. Por mais que eu lhe queira, por mais que eu ainda me lembre de cada minuto ao seu lado. É mais fácil e menos dolorido. Então, mais uma vez, vai ser assim. Eu lhe perdôo. Por tudo. Perdôo-lhe por ter entrado na minha vida. Perdôo-lhe por ter me feito sorrir e até mesmo a dar gargalhadas. Perdôo-lhe por ter me abraçado e por ter me feito promessas que nunca chegou a cumprir. Perdôo-lhe por ter me mostrado quem você era, de todas as formas e por ter sido tão sincero quando dizia que precisava de mim.
 Eu não devia, mas eu lhe perdôo por ter me feito lhe amar, tão desesperadamente e desaparecido, com mais uma promessa não cumprida. Arrependo-me por – ainda – precisar tanto de você, mas é a única maneira que eu encontrei para continuar aqui. Não quero que você volte. Já me acostumei com o vazio. Ser preenchida seria, muito, demais pra mim.

Não caibo mais oma südames**.

T.

Should I known you'd bring me heartache?
Almost Lover - A fine frenzy

 * carinho.
** em seu coração. 

Para o projeto Bloínquês.

 

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Let's try to do it happy!

O que é preciso pra fazer um dia feliz?

Ele andava sem rumo. Os pensamentos fervilhavam em sua cabeça já repleta de sonhos. Ele procurava o vento. Ele procurava o frio; gostava do frio. Melhor do que isso, ele procurava o vento frio. este último, o frio, expandia tudo o que ele sentia. Maximizava o que lhe abatia, e, dessa maneira, ficava tudo mais visível. E então vinha o vento e fazia o seu papel: levar tudo isso embora.  Para o mais distante possível, ou o mais perto possível, desde que levasse. Desde que esvaziasse . Desde que tornasse verdadeiro o vazio que o preenchia.

O frio lhe causava arrepios. Arrepios são bons, pensava ele. São únicos. Outra vez ele pisou em uma formiga. E aquilo lhe causou um arrepio. Fora tão repentino e tão assustadoramente bom. Contudo, continuava viva, a formiga. Estrebuchava-se de dor, mas ainda viva. Tão pequenina, coitada. A dor transcendia seu corpinho seco. E aquele debater-se causou no menino outro arrepio. Dessa vez, mais intenso, mais frio. Ele tinha descoberto pois, a maravilha de um calafrio. Tinha descoberto toda a bondade de um arrepio frio. E a partir de então, pisava em formigas. Não queria as suas mortes, por isso, pisava de levinho. Pisava-nas com carinho. Ele só queria o melhor que elas podiam lhe dar. Ele só queria os seus calafrios. Seriam os calafrios as almas das formigas? Ou só seriam suas dores que transcendiam a secura suja de seus corpos. Pisava em cada uma que encontrava, mas estas pareciam mais fortes, pareciam nem sentir dor. Debatiam-se? Sim; até mais do que as outras, mas o arrepio não vinha. A dor não parecia ser suficiente.

E nunca mais ele sentiu um arrepio. Nunca mais até apaixonar-se por alguém. Apaixonar-se de tal maneira...E ver a distância desse amor lhe causava tanta dor. Uma dor capaz de transcender seu corpo e... e então veio o calafrio. O mais intenso e magnífico calafrio. E ele sorriu. Seu dia seria então feliz!

domingo, 26 de setembro de 2010

Viver é deixar.

Todos encaram o passado como uma fonte de dor ou de alegria, os dois, talvez. Eu não sou muito diferente. Apesar de ter vivido pouco, vivi o suficiente pra olhar pro passado e sorrir, ou mesmo sentir essa dor que às vezes me preenche e me faz ser tão assim. Fria, distante de mim.

Nem todo sorriso é feliz, nem toda lágrima é triste, mas do que adianta sorrir de tristeza? Não ajuda, não acaba. Sente a dor? Sente essa agonia por dentro, essa vontade de arrancar o que dói? Mas você não sabe o que dói. Não sabe por que dói. Aliás, não devia nem doer com tanto vazio que existe. E você não luta contra isso, não luta contra o vazio, só o aumenta. Com frases, com lembranças, pedaços de músicas... Passado. Não se cansa de viver dele? Às vezes eu me canso, me desvio, me protejo. Se não, o que seria de mim? Pense. O que é de você?

A tristeza é bela, a dor é fascinante, mas a felicidade ainda tem seus melhores prazeres.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tá, e aí?

Eu só queria poder esclarecer as coisas. Poder extinguir toda e qualquer dúvida pendente pra que isso não sirva de futuros argumentos contra mim. É bem aquela história de jogar aberto, de colocar as cartas sobre a mesa, de deixar tudo em pratos limpos. Ou seja, franqueza. Simples e facilmente resumível. E é só o que eu queria. E porque eu não faço? Porque não depende só de mim. Porque ainda há quem prefira se proteger nas barreiras da dúvida, pois assim são mais seguros - e, de fato, são. O problema é que essa segurança é tão tamanha que nada mais acontece. Tão tamanha e medonha que restringe a quem se protege como uma bolha estéril. E eu só consigo ver duas alternativas: ou estourar de vez essa bolha e acordar pra vida, e viver a vida; ou se enclausurar nela até que ela se espatife em uma roseira cheia de espinhos e, dessa forma, expila o ser protegido para um mundo tão desconhecido e tão cheio de perigos os quais ele não está pronto para viver. E o que lhe resta fazer? Morrer?


Por isso eu fico com a primeira alternativa. A alternativa que me dá a chance de fazer tudo ao meu modo. De fazer tudo como eu pretendo; e aprender com isso, e sofrer com isso, e viver, e nascer, e... mas, independente de tudo, será algo que eu farei. Eu. E é isso que importa, afinal.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hello

"I can see it in your eyes; I can see it in your smile".

Posso mesmo? Um sorriso bobo, um olhar tímido...pra que sinais melhores? O comportamento se modifica e as atenções se voltam à uma única pessoa. Atenção, preocupação e o teu corpo insiste em concentrar todos os teus sentido em um mesmo ponto. O olhar fica enfeitiçado, a audição se aguça, o cheiro faz enlouquecer, o toque se faz proibido e o sabor...ah, o sabor! Este último se protege por trás de portões carnosos que se abrem periodicamente para exibir o mais encantador dos sorrisos. E então o mundo para. E então nada mais importa; nada mais existe.

Mas a questão é: o que, de fato, significa esse sorriso? O que, de fato, pensar quando inesperada e desprotegidamente somos atingidos por ele? Só sei que é um golpe da mais pura covardia. É rasteiro, é baixo, é pequeno. E de uma pequenez tão extrema e... tão extrema e tão doce. E tão suave e tão... apaixonante? o que significa, de fato, é difícil saber. Mas pra mim as opções são claras: matar ou morrer. Podemos morrer aos seus encantos ou matá-lo, o sorriso. Ambas são escolhas inteligentes. Nesta primeira viveríamos num novo plano, num novo e tão profundo estado de plenitude e preenchimento, capazes de agoniar o mais calmo dos seres. E isso é de uma liberdade...

Já na segunda, só precisamos destruí-lo - simples e fácil. E assim estaremos livres de suas ilusões. O segredo é a maneira de destruí-lo. É descobrir a melhor e mais eficaz maneira de exterminá-lo. Basta descobrir. E eu já tenho a minha.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Ainda Pulsa

Preciso de algo pra recarregar minhas pilhas. Algo que seja, de fato, efetivo. Porque as pilhas eu tenho mas meu carregador atual não funciona mais tão bem quanto antes e logo, logo elas descarregam. Preciso de algo que me mantenha impulsionado, que não me permita mais desperdiçar minha energia com o nada e que me torne novamente produtivo e aproveitador de tudo. Só queria poder de novo viver a sábia filosofia de Horácio e aproveitar o meu dia em um carpe diem enterno. Como também alguém já cantou em uma música que minha memória cada vez mais seletiva não me permite lembrar.


É madrugada e ainda vai demorar um pouco pro sol se erguer de seu majestoso aposento. Também vai demorar pra eu sair do meu. Como já disse, meu caregador não funciona tão bem quanto antes e ainda não encontrei algo pra poder substituí-lo; apesar de ter uma breve certeza do que poderia ser. Eu só me preocupo com o andar dessa história. Com o final dessa busca. Porque eu espero de fato que esta tenha um fim. Eu não suportaria...Mas o que fazer até lá? O que fazer até que essa busca acabe e eu encontre minha razão de querer levantar mais cedo sem reclamar? Só não aceito continuar assim, nessa inércia continua e sem vontade, sem vida e sem clamores. Sem amores? Seria isso o necessário para romper minha inércia? O insano motivo que me tiraria da cama em uma manha fria - e me colocaria nela em uma noite tão fria quanto? Se é ou não é, estou disposto a descobrir. Mas não posso negar o quão tentador é esse motivo. O quão bom seria poder justificar com uma única palavra a insanidade de sair na chuva gelada pra comprar tortinhas de limão. Afinal, o que o amor não consegue justificar? O que é que o amor não consegue impulsionar? Não consigo lembrar de nada que diga o contrário. Culpa da minha memória insuportavelmente seletiva? Não... o amor fala por si.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Inconstância.

Frio. Calor. Frio. Calor...

Nada está tão correto como antes. Nem mesmo o tempo. Nem mesmo o que sinto aqui. Em mim. Por você e por qualquer um. Conto cada segundo que passa no relógio, à espera de algo que nem mesmo sei o que é. Suspiro. Passo lentamente as mãos por alguns fios de cabelo. Suspiro. O tic tac continua com seu zumbido em meu ouvido, me embriagando de sonhos. Sonhos distantes e por muitas vezes desencorajados. Respiro profundamente. Levanto-me e paro em frente à janela. Final de tarde, sol se pondo, sem sinal de pássaros. Silêncio. Nostalgia. Arrepio. Olho em minha volta procurando por alguém. Estava sozinha. Por escolha. Um sorriso se partiu em meus lábios. Já se passara seis meses. Longos dias recheados de lembranças vorazes e, por vezes, insensatas. Dias vagos e arrastados. Mesmo alegres. Mesmo inesquecíveis... Aprendi com a minha dor. Desliguei a falsa alegria e me joguei nos momentos bons. Era preciso. A dor me fazia sofrer. Fechar-me. Hoje sorrio. Até posso dar gargalhadas. E não importa se lágrimas se posicionam nos meus olhos. São de saudade. Dos meus momentos de carinho e de – singela – segurança. Estou bem. Cheia de amor. Cheia da falta que algumas coisas (e pessoas) me fazem. Mas sigo bem. Melhor do que antes. Quase tão melhor que aquele tempo. Tenho minhas pessoas, meus amores. Tenho minha vida. Recuperada cuidadosamente dos escombros. Por enquanto, tenho tudo que preciso. Por enquanto, não preciso de mais nada.

Second chances.

E quando se tem pela frente um feriado? E quando neste feriado só se tem uma cidade desconhecida e ninguém para guiá-lo? É ruim não ter meios de desocupar a cabeça. Meios que façam meu cérebro não mais pensar, mas agir. Ou mandar agir, se assim for o correto. Mesmo que mandasse correr louca e desesperadamente pelo grande e verde parque da cidade; mas nem isso, quiçá algo mais apurado. Tenho saudades dos meus pertences. Tenho saudades do meu tênis velho de corrida, do meu headphone quebrado, do meu rádio sem antenas. Tenho saudades das minhas músicas. Tenho saudades das minha companhias... logo eu que sempre precisei delas.

Não sei bem se posso reclamar. Estou numa cidade nova, fazendo o que até então eu acho que gosto - e que permaneça assim; não suportaria a dor de uma escolha frustrada. Tudo como eu sempre quis. Mas nada é tão fácil quanto parece. Não que eu pensasse que fosse ser fácil; nunca pensei que o fosse, mas que poderia ser melhor se as circunstâncias fossem outras. Contudo, não está em meu alcance mudar isso - pelo menos não ainda. Só sei que não vejo a hora de estar de volta ao meu espaço. Onde estou e sei que estou. E estou seguro. Não vejo a hora de retornar às minhas bases, pois aqui sou vulnerável - ou até que eu monte uma nova base aqui.

Mas uma coisa é certa: quando eu retornar, farei uso de tudo aquilo que me fez falta até que se desgaste ao máximo. Até que se acabe. Dessa forma, saberei que não mais sofrerei. É inútil sofrer pelo que não voltará mais. Pois que se acabe!

Porto Alegre, 20 de abril de 2010