Seguiu então com passadas firmes e seguras: cheias de si. Nos ouvidos, as músicas passavam cada vez mais animadas e o seu sorriso deixara então de ser um segredo. Atraiu alguns poucos olhares; estava especialmente bonito naquele dia, e como se isso não bastasse, emanava de si uma certa luz, um certo calor. E quanto mais andava, mais ele ria. E era de uma tamanha naturalidade, que era impossível não sorrir junto. Se atreveu até a vacilar em alguns tímidos passos de dança de acordo com o que ouvia. E assim seguiu até seu destino que, em sua cabeça, ainda demoraria um pouco para chegar. Em sua cabeça. E se outrora chamara atenção pelo sorriso que exibia, milhares de cabeças viraram-se pra ver a sua cara de horror quando não notou a aproximação do carro que ultrapassara o sinal vermelho e colidira com ele com uma força inimaginável que arrancou suspiros e prendeu a respiração de todos os que ali estavam. Inclusive a sua. Principalmente a sua. Sempre prendia a respiração no início daquela música. Era a sua preferida. E num último movimento, ele sorriu - foi então feliz.
texto dedicado ao .Eduardo Poulain,
que me fez perceber quem eu devo ser no fim das contas
Feliz Aniversário ;*